Concerto no Museu do Chiado
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BodySpace Nuno Catarino"
Depois de uma sequência de vários concertos apresentados regularmente de forma quinzenal, a associação Granular apresentou na passada quarta-feira a última sessão do ciclo Der Gelbe Klang (O Som Amarelo). Como tem sido princípio orientador deste ciclo, reuniu-se um grupo de músicos, que não tem por hábito colaborar entre si, para uma sessão de improvisação. Para esta sessão final foi adoptado o nome “Cadáver Esquisito” e reuniram-se Bruno Parrinha (clarinete soprano e alto), Genoveva Faísca (voz), Manuel Guimarães (guitarra acústica) e António Chaparreiro (guitarra eléctrica). Foi a voz (e performance) de Genoveva Faísca que começar por dar as pistas iniciais - que o trio restante tratou de seguir, acompanhando e subvertendo. Folheando um jornal antigo, Genoveva foi lendo as notícias, traçando sons que se aproximariam de palavras imperceptíveis/impossíveis, algures entre a declamação e o canto. As guitarras eléctrica e acústica (esquerda e direita do palco) traçavam sons opostos, num contraste claro entre as experimentações ambientais de Chaparreiro e dedilhar compulsivo de Guimarães. De uma forma quase escondida, mas muito pertinente, os clarinetes de Bruno Parrinha foram um óptimo complemento à sonoridade global do quarteto, pela inclusão de fraseados próximos do jazz. Os quatro músicos foram desenvolvendo improvisos entre as várias possibilidades de colaboração, alternando entre os duos e trios possíveis, para além de momentos solo e da actuação dos quatro em simultâneo. Sem atropelos, a convivência musical fez-se de modo positivo e, mais do que a simples soma das partes individuais, a interacção sonora funcionou como conjunto. No final os músicos foram abandonando o palco (Genoveva Faísca, que tinha iniciado o concerto, foi a última) e actuação terminou com um teatral desligar de luzes. Depois do sucesso deste ciclo de concertos, que quase sempre preencheram a lotação Sala Polivalente do Museu do Chiado, espera-se que a Granular continue a apostar em iniciativas deste género, expondo a vitalidade da actual cena experimental portuguesa numa base de programação regular. Pela visibilidade garantida aos músicos experimentais, pela originalidade emergente das diversas colaborações, uma segunda edição deste ciclo seria muito bem vinda.
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