quarta-feira, janeiro 30, 2013

Adega Ensemble


Julien Heraud
Improv Sphere
mardi 29 janvier 2013 ILSE  

Adega Ensemble - Black van in a small square (Ilse, 2012)
L'Adega Ensemble regroupe sept instrumentistes originaires du Portugal et du Brésil. Henry Krutzen (saxophone ténor, objets), João Parrinha (batterie, percussions), João Pedro Viegas (clarinette basse), Luís Vicente (trompette, objets), Manuel Guimarães (guitare), Paulo Chagas (flûte, hautbois, clarinette sopranino) et Paulo Curado (flûte, saxophones soprano et alto). Dans ces chroniques, j'essaye toujours d'éviter les comparaisons au maximum, mais là je ne peux pas m'en empêcher. On croirait même à un hommage parfois. Car si l'Adega Ensemble ressemble à quelque chose, c'est sans aucun doute à l'Art Ensemble of Chicago. Une profusion de soufflants et de percussions, l'utilisation d'idiophones traditionnels, une liberté totale et un jeu hallucinant de questions et de réponses dans les improvisations collectives, c'est peut-être moins axé sur les influences et les rythmiques africaines que l'AEOC, mais la part de jazz est tout aussi présente, de même que la volonté de briser tabous et codes. Black van... regroupe quatre improvisations d'environ un quart d'heure chacune, quatre improvisations où tout peut surgir, quatre improvisations où les personnalités ne s'effacent jamais tout en étant à l'écoute d'un son collectif épais et consistant. C'est très énergique, très puissant souvent, l'improvisation collective est omniprésente, mais l'espace est rarement saturé: les sept musiciens savent jouer simultanément sans jamais se marcher dessus. L'équilibre entre les voix individuelles et le son collectif est plutôt impressionnant (ce qui rapproche encore cet ensemble de l'AEOC).

Quatre improvisations totalement acoustiques, dans une veine très proche du free jazz afro-américain, osées et inventives, fraîches et spontanées, énergiques, puissantes et plaisantes. L'Adega Ensemble renoue ici avec une longue tradition musicale aux aspects rituels, collectifs, et humains.

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Steve Lacy: “Mas penso que a figura chave era Don Cherry. Cherry are ainda mais free, de um certo modo. Não se preocupava com as coisas que Ornette se preocupava, e a sua forma de tocar era realmente free. Costumava vir a minha casa em 59 e 60, e costumava dizer-me – bom, vamos tocar. E eu dizia – o que vamos tocar? E aí estava. O dilema. O problema. Era um momento terrível. Não sabia o que fazer. E levou-me à volta de cinco anos a preparar-me para isso. A partir esse muro. Levou-me cinco anos a chegar ao ponto em que conseguia apenas tocar" (Bailey 1992).
Steve Lacy: “O que Cecil Taylor fazia começou nos inícios dos anos 50. E o resultado era do mais livre que se podia ouvir. Mas não era feito de forma livre. Era construído sistematicamente com um novo ouvido e novos valores. Mas havia grande oposição ao que fazia nos anos 50. Quando Ornette chegou à cidade foi a lufada de ar fresco. Por um lado havia os músicos académicos, os hard boppers, os “Blue-Note”, os “Prestige”, e estavam a fazer coisas com poucas tendências progressivas. Mas quando Ornette apareceu, foi o fim das teorias, destruiu as teorias. Lembro-me de ele ter dito nessa altura: “Bom, tu tens um certo espaço, e pões lá dentro o que quiseres.” E isso foi uma revelação. E costumávamos ir ouvi-lo e ao Don Cherry todas as noites, e isso provocou uma sede de mais liberdade" (Bailey 1992).
A palavra improvisação é pouco usada, actualmente, por músicos improvisadores. Improvisadores idiomáticos, quando descrevem o que tocam, usam o nome do idioma. Tocam “flamenco”, ou “jazz”. Há uma certa relutância em usar a palavra e alguns improvisadores expressam alguma antipatia por ela. Penso que isso se deve a conotações amplamente aceites que implicam que improvisação seja qualquer coisa sem preparação e sem reflexão, uma actividade completamente ad hoc, inconsequente e frívola, com falta de método e planificação. Os improvisadores contestam esta implicação porque sabem pela sua experiência que isso é falso. Sabem que não há outra actividade musical que exija maior habilidade, destreza, devoção, preparação, treino e compromisso. Por isso rejeitam a palavra, e mostram relutância em serem identificados por aquilo que, em alguns casos, se tornou quase um termo de abuso. Reconhecem que, de uma maneira geral, deturpa completamente o fundo e complexidade do seu trabalho (Bailey 1992).

quinta-feira, janeiro 03, 2013

Ria vaza
Ria cheia
20 anos de repasto
Na Vizinha, com Maria Radich, 2012
Final
Folha de concerto
Cozinhando 2
Cozinhando 1
LxFactory 2011
Poema do Gustavo

O timbre é a luz do som, a iluminação sonora de um concerto está para a música

como as estrelas para as tetas de uma ovelha

O anjo de pedra soergue-se do cemitério, as alminhas resplandecem
de flores, as colmeias de queijo e de sais zumbem mel de sírios

Aos Pitões, à cascata de Celas, à Pardelca? de rios A síncopes de silêncio, Aos montes, aos gatos, aos bichos

Salte as cancelas de pedra. Leiam? os muros ausentes
Que todos os filhos toquem os sinos, que todos os sinos toquem (---)

Vivam as bruxas cor de laranja e o encanto das suas princesas
Viva o vinho dos encantos, as mandrágoras do amor, as raízes ao vento
de um ser

As freirinhas do convento que fazem doces para entreter o tempo
Vivam os putos lindos, os pais as mães e as outras, os amigos que vivam
de vivas viras

Velas a vapor, incensos, teatros de dor, champanhe

ah, caralho, que o amor vive (...)

Gustavo Brandão

Anos atrás
Homenagem a Jorge Lima Barreto