quinta-feira, janeiro 28, 2016

As Razões


            Perguntaram-lhe as razões do texto, mas quando intimam a razão, mesmo quando a desconhecem, hà sempre uma razão oculta pelas esquinas. São vários corredores existenciais, duplas saidas geométricas, geometricamente mutáveis, como se falou em poemas longínquos. Perguntaram-lhe a razão do poema crescendo no centeio, como se fosse possível encontrar a olho nu o fio condutor racional da arte.
            Voltaram de longe, de onde não se sabe voltar. Chegaram lentamente, várias sombras trilhavam ecos voláteis. Sombras, mobilidades, procuras cansadas. A enorme viagem cansada, por montes e vales, colhendo secas e velhas melodias.
            Falavam da noite, dos nocturnos acordes da noite, florestando imagens de um cataclismo. O jazz ibérico, metempsicose, um imbróglio de forças metafísicas, unidades de consciência.
            São espaços penumbra em nuvens cinzento, máscara em que deixaram cair os segredos um dia, quando o sol sumia no monte. Esqueceram-se de beber o oculto, o culto do oculto. São marcas de grandes nadas, escombros, uma contínua linha de pensamento rural encontrada nos diversos fragmentos de um segundo. Espectros véus na noite, meteorito errante de rota fixa que ninguém entende, ninguém lê.
            Sabem de sombras, cadáveres e outros saberes, sabem de buracos legais onde se escondem da justiça que habita os mesmos buracos. Procuram o triângulo esférico, nas horas vagas. Teimam em escrever diálogos neutros e encontram cidadania no mundo sem endereço, e a europa é uma asfixia satélite, órbita de enganos, desesperos. Sabem que vão desaparecer mais cedo ou mais tarde, querem rir de um estilhaço de obuz, noite alta com os lobisomens, querem inventar o nada magnífico.
            Já só cresce lama na valeta, choro perdido no correr do tempo, nevoeiro cerrado entre espinhos de sangue.
            Somos nome, nome de pedra afastada no caminho, nome de sonho de Verão perdido por entre sete caminhos, distância de muro, pedra outra vez.