As Razões
Perguntaram-lhe as razões do texto, mas quando
intimam a razão, mesmo quando a desconhecem, hà sempre uma razão oculta pelas
esquinas. São vários corredores existenciais, duplas saidas geométricas,
geometricamente mutáveis, como se falou em poemas longínquos. Perguntaram-lhe a
razão do poema crescendo no centeio, como se fosse possível encontrar a olho nu
o fio condutor racional da arte.
Voltaram
de longe, de onde não se sabe voltar. Chegaram lentamente, várias sombras
trilhavam ecos voláteis. Sombras, mobilidades, procuras cansadas. A enorme
viagem cansada, por montes e vales, colhendo secas e velhas melodias.
Falavam
da noite, dos nocturnos acordes da noite, florestando imagens de um cataclismo.
O jazz ibérico, metempsicose, um imbróglio de forças metafísicas, unidades de
consciência.
São
espaços penumbra em nuvens cinzento, máscara em que deixaram cair os segredos
um dia, quando o sol sumia no monte. Esqueceram-se de beber o oculto, o culto
do oculto. São marcas de grandes nadas, escombros, uma contínua linha de
pensamento rural encontrada nos diversos fragmentos de um segundo. Espectros
véus na noite, meteorito errante de rota fixa que ninguém entende, ninguém lê.
Sabem
de sombras, cadáveres e outros saberes, sabem de buracos legais onde se
escondem da justiça que habita os mesmos buracos. Procuram o triângulo
esférico, nas horas vagas. Teimam em escrever diálogos neutros e encontram
cidadania no mundo sem endereço, e a europa é uma asfixia satélite, órbita de
enganos, desesperos. Sabem que vão desaparecer mais cedo ou mais tarde, querem
rir de um estilhaço de obuz, noite alta com os lobisomens, querem inventar o
nada magnífico.
Já
só cresce lama na valeta, choro perdido no correr do tempo, nevoeiro cerrado
entre espinhos de sangue.
Somos
nome, nome de pedra afastada no caminho, nome de sonho de Verão perdido por
entre sete caminhos, distância de muro, pedra outra vez.
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